sexta-feira, 22 de maio de 2009

Livro: História e Ciências Sociais.



História e Ciências Sociais.

De Fernand Braudel.

A LONGA DURAÇÃO:

“O problema está em saber como as ciências do homem irão superar estas dificuldades:” (p. 7).

De acordo com o autor: “É igualmente imprescindível que a reunião das ciências seja completa, que não se menospreze a mais antiga em proveito das mais jovens, capazes de promover muito, mas nem sempre de o cumprir.” (p. 8).

“As restantes ciências sociais estão bastante mal informadas da crise que a nossa disciplina atravessou nos últimos vinte ou trinta anos e têm tendência para desconhecer, ao mesmo tempo, que o trabalho dos historiadores, um aspecto da realidade social de que a história é, se não hábil vencedora, pelo menos bastante servidora:...” (p. 8-9)

HISTÓRIA E DURAÇÃO:

A História Tradicional usa o tempo breve, analisa o indivíduo, o acontecimento e a narração precipitada e dramática.

“Todo o trabalho histórico decompõe o tempo passado e escolhe as suas realidades cronológicas, segundo preferências e exclusões mais ou menos conscientes.” (p. 9)

“Mas esta massa não constitui toda a realidade, toda a espessura da história, sobre a qual a reflexão científica pode trabalhar a vontade.” (p. 11)

“Os historiadores do séc. XVIII e de princípios do séc. XIX tinham sido muito mais sensíveis às perspectivas da longa duração, a qual só os grandes espíritos como Michelet, Ranke, Jacob Burckhardt ou Fustel souberam redescobrir mais tarde. Se se aceitar que esta duração do tempo breve supôs o maior enriquecimento – ao ser o menos comum - da historiografia dos últimos cem anos, compreender-se-à a eminente função que tanto a história das instituições, como a das religiões e das civilizações desempenham e, graças à arqueologia que necessita de grandes espaços cronológicos, a função de vanguarda dos estudos consagrados à antiguidade clássica. Foram eles que salvaram o nosso ofício. A recente ruptura com as formas tradicionais do séc. XIX não implicou uma ruptura total com o tempo breve.” (p. 12)

“ Para nós, historiadores, uma estrutura é, indubitavelmente, um agrupamento, uma arquitetura; mais ainda, uma realidade que o tempo demora imenso a desgastar e a transportar." (p. 14)

" A totalidadeda história pode, em todo o caso, ser resposta como a partir de uma infra-estrutura em relação a estas camadas de história lenta." (p. 17)

"...a história é a soma de todas as histórias possíveis: uma coleção de ofícios e de pontos de vista, de ontem, de hoje e de amanhã." (p. 17)

" O historiador pretendeu preocupar-se com todas as ciências do homem. (...) entre o historiador e o observador das ciências sociais as barreiras e as diferenças que antigamente existiam." (p. 18)

A CONTROVÉRSIA DO TEMPO:

"... o problema está em saber se este tempo da história está tão morto e é tão reconstruído como dizem." (p. 20)

"... métodos do conhecimento (...) são igualmente necessários para compreender aquilo que nos rodeia tão de perto, que é difícil vislumbrá-lo com clareza." (p. 21)

"... a necessidade de confrontar também os modelos com a ideia de duração; porque da duração que implicam, dependem bastante intimamente, quanto a mim, tanto a sua significação como o seu valor de explicação" (p. 25)

"Reintroduzamos, na verdade, a duração. Disse que os modelos tinham uma duração variável: são válidos, enquanto é válida a realidade que registram. E para o observador do social, este tempo é primordial, posto que ainda mais significativo que as estruturas profundas da vida são os seus pontos de ruptura, a sua brusca ou lenta deteriorização, sob o efeito de pressões contraditórias." (p. 30)

"Torno a referir-me, uma vez mais, a Claude Lévi-Strauss, porque a sua tentativa, neste campo, parece-me a mais inteligente, a mais clara e também a melhor enraizada na experiência social, da qual tudo deve partir e a que tudo deve voltar." (p. 31)

"... a excessivamente lo0nga duração: devem reencontrar o jogo múltiplo da vida, todos os seus movimentos, todas as suas durações, todas as suas rupturas, todas as suas variações." (p. 33)

"Mas o que acontece é que o seu tempo não é o nosso: é muito menos imperativo, menos concreto também e nunca se encontra no cerne dos seus problemas e das suas reflexões." (p. 33)

"O que interessa apaixonadamente um historiador é o modo como estes movimentos se entrelaçam, a sua interação e os seus pontos de ruptura: mas todas estas coisas só se podem registrar em função do tempo uniforme dos historiadores, medida geral destes fenômenos, e não do tempo social multiforme, medida particular de cada um deles." (p. 35)

"Se a história está obrigada, por natureza, a prestar uma atenção privilegiada à duração, a todos os movimentos em que esta se pode decompor, a longa duração parece-nos, neste leque, a linha mais útil para uma observação e uma reflexão comuns às ciências sociais." (p. 37).

"O marxismo é um mundo de modelos. (...) O gênio de Marx, o segredo do seu prolongado poder, provém de ter sido ele o primeiro a fabricar verdadeiros modelos sociais e a partir da longa duração histórica." (p. 37)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRAUDEL, Fernand. História e Ciências Sociais. Lisboa, Edit. Presença, 1986.

Por: prof. Vanessa.



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